quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vovô viu a uva na Saúde

"Uma cartilha causa polêmica com orientações sobre o uso de drogas pesadas, preparada com base na política de redução de danos, foi parar na mão de crianças e adolescentes em Sorocaba, no interior de São Paulo. O folheto foi distribuído aleatoriamente. Os pais que viram a cartilha ficaram assustados e procuraram a Prefeitura da cidade cobrando explicações".
A notícia, inacreditável, saiu no Globo on line de hoje. É incrível pela demonstração de incompetência dos responsáveis por essa cartilha, pela incompreensão de regrinhas básicas da comunicação, especialmente da Comunicação em Saúde. Para começo de conversa, "folheto distribuído aleatoriamente" é uma redundância. Não há folheto que não possa ser distribuído sem controle, já sabíamos nós ao receber panfletos contra a ditadura militar. A mania das "cartilhas" (coisa de quem acredita que o povão não sabe nada e precisa ser ensinado na base do vovô viu a uva), além de baseada em preconceitos, representa uma visão certamente superada em termos de comunicação no campo da Saúde. O suporte em papel, que também determina conteúdo, acaba servindo mais para garantir maiores despesas públicas nas gráficas do que benefícios para os profissionais e usuários. Estão aí os suportes em vídeo, na internet e outras maravilhas tecnológicas que talvez pudessem ser mais aproveitadas para a comunicação em múltiplas vias e mãos entre os interessados, incluindo os usuários.