quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A mistura público-privado em questão na saúde

Papo vai, papo vem, volta às páginas a discussão sobre privatização da saúde, parcerias, coisa e tal. Há dias, saiu artigo assinado pelo professor Carlos Stempniewski, citando uma pesquisa para demonstrar que os gastos dos estados e municípios em saúde superam os do governo federal, e onde isso não ocorreu (Norte e Nordeste), a falta de assistência seria mais grave. É possível. Mas a pesquisa citada vai além: as autoras Isabela Soares Santos, Maria Alicia Dominguez Ugá e Silvia Marta Porto analisam o sistema brasileiro público-privado de saúde e mostram como essa mistura pode levar à progressiva redução da oferta pública de atendimento à população.

Exemplos: Desde 1998 existe uma lei que instituiu o ressarcimento ao SUS dos serviços prestados a pessoas com cobertura de planos privados, por uma tabela específica de preços, chamada TUNEP (Tabela Única Nacional de Equivalência de Procedimentos). Dizem as autoras: “Entretanto, segundo dados da ANS, desde o final de 1999 até meados de 2006, das 371.761 internações identificadas como aptas para cobrança, apenas 60.586 foram efetivamente pagas pelas seguradoras, ou seja, desde quando foi instituído o ressarcimento até quando foram processadas as informações." O pagamento dessas internações pelos valores da TUNEP no período citado corresponderam a R$ 76,9 milhões, apenas um troco quando comparado com os valores da renúncia fiscal (que somam, na previsão efetuada apenas para o ano de 2007, R$ 5,7 bilhões, segundo as autoras).
Esta renúncia fiscal (desconto ou isenção de impostos) concedida pelo Estado às chamadas entidades filantrópicas e que tais, representa um forte subsídio estatal ao setor privado da saúde.
O trabalho completo pode ser encontrado na página da revista Ciência & Saúde Coletiva, vol.13, nº.5, Rio de Janeiro, Set./Out. 2008.

2 comentários:

  1. Gostei da indicação. Este assunto, das OS está a ocupar a área da saúde e esta muito esquecido das discussões nos meios de comunicação e na população. Elas ,as OS, estão em toda a área da saude em Sampa. Os profissionais acabam nao tendo escolha aonde trabalhar, mas muitos são criticos. Existem construções sendo realizada mas uma visão da politica de saude publica acaba se perdendo e consequentemente a população mais desfavorecida

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  2. Gostei da indicação Gajó Ulup...preciso mesmo me atualizar no debate público-privado...especialmente no que diz respeito ao nosso maior ¨plano de saúde¨ do país...hehehe...o SUS.
    Parabéns pela iniciativa do Blog
    Aurea Pitta

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